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CARTA DE ALERTA AOS JOVENS

Atualizado: 27 de set.


Confissões de um suicida no plano espiritual: revelações que podem salvar vidas.



Sou o Alisson, e venho por meio desta até você, jovem, contar como é a vida de um suicida aqui no plano espiritual. Talvez este meu testemunho possa lhe alertar sobre essa triste realidade que tem acometido a tantos, especialmente aos jovens, nestes últimos tempos.

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Sempre fui um espírito rebelde desde minha tenra infância. Nela, não me faltaram bons conselhos de amigos, familiares e, especialmente, dos meus pais. Aliás, quanto a eles, nada me faltou em matéria de educação e religiosidade. Porém, apesar de todo esse esmero de cuidados comigo, logo que iniciei minha puberdade, adotei a postura de um rebelde sem causa. Queria ser diferente. Guardava certa raiva de tudo que era certo. No meu ponto de vista, o mundo era um palco de hipocrisia e cinismo. Julguei, então, que poderia mudar as pessoas moldando-as ao meu jeito autêntico de viver. Assim, eu lhes mostraria, através do meu comportamento e postura, que esse era o caminho para vencer aquele sistema arcaico de vivência da sociedade. No meu entendimento, eu iria ficar rico sem ter que trabalhar, sem me submeter a responsabilidades ou a qualquer disciplina. Na verdade, meu intuito era viver como um alienígena na Terra — uma referência, um novo padrão de comportamento social.


Quanto aos meus conceitos religiosos da época, extraídos da igreja para a qual meu pai me levava, eu achava que Deus era injusto e responsável por todo o desequilíbrio da sociedade — culpado também pela desigualdade social e econômica entre as pessoas. Acreditava que a morte era o fim de tudo e, por isso, não havia sentido em ser bom ou submisso a um sistema hipócrita. Além do mais, eu via o progresso como algo que não merecia o alto preço que cobrava, e achava que a liberdade perdia o sentido diante de tantas limitações. No meu entender, os templos religiosos eram o reflexo de seus dirigentes, portanto incapazes de promover qualquer mudança moral. Por isso, também os rejeitei como forma de educação.


E foi nessa minha loucura, nesse estilo de vida que escolhi, que a vida me cobrou o preço das minhas irresponsabilidades e escolhas, atrelando-me à carga decorrente da lei de causa e efeito. Com isso, vieram a dor, a decepção e as cobranças. Eu não suportei o fracasso dos meus ideais. Sentia-me perdido e rejeitado por todos. Foi então que resolvi dar fim ao meu plano de vida, matando-me, acreditando que, com isso, me tornaria um mártir e uma referência de mudança.


Ledo engano da minha parte. Pois, logo que dei cabo da minha vida através de um incêndio deliberado, no qual fui vítima, começaram novos sofrimentos — e o pior deles foi o inicial. Apesar de me sentir vivo, eu não via nem ouvia nada, a não ser a agonia do ato. As poucas imagens e os raros sons que me surgiam eram repetições do momento que exterminou meu corpo físico. Sentia, em detalhes, toda a angústia e a ânsia da morte. No meu caso, a consequência foi a sensação de fogo me devorando.


Esse sofrimento se estendeu por um tempo que não sei estimar. Sei apenas que, com o passar dos anos, aquelas imagens e sensações foram se tornando mais esparsas. Com isso, comecei a entender que eu não havia me matado, pois ali estava — vivo — sem compreender como.


Nesse período, eu não desejava a presença de ninguém, nem mesmo dos familiares mais queridos. Passei a ter medo das pessoas. A vergonha tomava conta de mim. Desejei me esconder. Não sabia, até então, que o local onde eu estava era o chamado Vale dos Suicidas. Para a maioria dos que ali se encontram, esse local torna-se esconderijo e refúgio. Digo isso por mim, que também assim o via. Por muitas vezes, durante os anos em que lá permaneci, fui convidado a sair pelos benfeitores espirituais que ali sempre passavam — mas eu os esconjurava, pois me sentia melhor ali, longe de tudo e de todos. Nesse período de estadia, a maioria adota — como eu também adotei — a ideia de que ali é o nosso inferno particular, pois sentimos que não há mais esperança de perdão, nem mesmo vindo de nós mesmos.


Depois de muito tempo, aqueles benfeitores espirituais que vez ou outra passavam por lá venceram minha rebeldia. Então, fui resgatado e levado aos hospitais da Colônia Maria de Nazaré — colônia dedicada ao atendimento de espíritos suicidas na segunda fase do socorro. A primeira fase é o período em que permanecemos no Vale dos Suicidas, o tempo necessário para certa conscientização do que fizemos e de como estamos, salvo raras exceções.


Como disse, fui encaminhado diretamente a um hospital especializado no tratamento de queimaduras profundas, pois meu corpo perispiritual estava completamente destruído em sua forma. Passei por intensos tratamentos e cirurgias reparadoras. Aliás, é importante saber que, para nós suicidas, os danos causados ao corpo físico se refletem em nosso duplo etérico — também conhecido como perispírito —, que é, na verdade, a cópia e matriz do nosso corpo físico enquanto estamos encarnados. Ao desencarnarmos, continuamos a viver vestidos nesse corpo sutil, com a mesma aparência e no mesmo estado em que o deixamos.


Na realidade, após o ato do suicídio, ficamos semelhantes aos encarnados que sofreram um acidente gravíssimo: com todos os ossos quebrados, perda de parte do rosto, das mãos, dos braços, das pernas e dos pés — e ainda com queimaduras devastadoras. Porém, sobrevivos. Após passar por diversas cirurgias, cada uma delas vai reconstruindo os danos, até chegar ao resultado final possível. Esse resultado, muitas vezes, é o de um ser humano deformado, às vezes com aparência monstruosa.


Assim também ocorre no plano espiritual com os suicidas. Os tratamentos nos hospitais da Colônia seguem o mesmo princípio. A única diferença em relação aos da Terra é que, aqui, o espírito não corre o risco de morrer, pois já se encontra na condição de espírito imortal que todos somos.


Após passar por uma infinidade de cirurgias corretivas para a recomposição possível do corpo espiritual, nos diversos hospitais da Colônia, meu mundo íntimo, àquela altura, estava povoado por sentimentos pavorosos — como o medo dos reajustes que ainda viriam. Isso ainda me apavora.


As incertezas do futuro e a solidão de nós mesmos tornam-se muito cruéis, mesmo com a companhia e o amparo dos benfeitores espirituais. Sentimo-nos, via de regra, como lixos humanos, sem forças morais suficientes para nos autoperdoadar. Todos os erros do passado se agigantam diante do nosso presente, afastando qualquer perspectiva de um futuro melhor.


Posso dizer que não é agradável ver o estado em que se encontra o espírito de um suicida — mesmo após certo grau de recuperação. Não é bom sequer imaginar como estamos. Embora o amor nos seja oferecido pelos amorosos trabalhadores e trabalhadoras da Colônia Maria de Nazaré, para a maioria de nós, ele não é percebido nem sentido em sua essência. A dor moral que nos atinge é muito maior do que se pode supor: ela nos torna cegos, surdos e insensíveis a qualquer sensação ou recepção de sentimento bom.


Outra realidade: a eternidade, para um suicida, é literalmente sombria, silenciosa e sem movimento. Parece que nada se move à nossa volta, a não ser as angústias diárias, somadas aos medos e à rejeição que temos de nós mesmos.


Não obstante ao meu suicídio, vos digo que foi de minha inteira escolha e responsabilidade. Ninguém me forçou a ele. Assim como também foi de minha livre e espontânea vontade entregar-me aos vícios e ao estilo de vida que escolhi — bem como aos meus estranhos comportamentos — mesmo sabendo que poderia me dar mal.

Não me faltaram bons conselhos, vindos de amigos e educadores. Porém, rejeitei todos — até mesmo os de meus pais.


Na realidade, hoje estou à espera de uma nova oportunidade de reencarnação, pois preciso expurgar, no futuro corpo físico, os danos que ainda estão impregnados em meu corpo espiritual. Embora remendado, ele apresenta aparência monstruosa e grande limitação de movimentos. Sei que não será fácil e que terei muito sofrimento e dor nessas futuras reparações.


Confesso que fiquei muito surpreso ao receber o convite dos meus tutores espirituais para vir falar de minha desdita, representando um suicida. Deram-me total liberdade para elucidar não só a causa da minha história, como também o meu ponto de vista atual — em comparação com o que eu tinha no passado. Este testemunho será entregue como uma carta de alerta aos jovens que, como eu, ainda pensam que suas razões infantis são as verdades da vida.


Como vos disse, tudo foi de minha livre escolha. Hoje, sem nenhuma sombra de dúvida, posso vos afirmar: o que me faltou, para que eu não me atirasse no poço das consequências que me levaram ao suicídio, foi a falta de “QUERER” me educar e viver de acordo com as disciplinas naturais da vida. Deixei-me dominar pela rebeldia que eu trazia comigo nesta reencarnação. Reencarnação esta que tinha, como meta prioritária, o dever de educar-me para saná-la — pois essa rebeldia sempre foi a causa de minhas tantas outras quedas espirituais.


Pasmem: descobri, aqui no plano espiritual, que meus pais são benfeitores espirituais que se sacrificaram para me ajudar a vencê-la — e a vencer a mim mesmo. E eu, por causa dela, os ignorei.


Sei que, no âmbito dos encarnados, discute-se muito para se encontrar um caminho mais eficaz de prevenção ao suicídio — algo que realmente traga melhores resultados. Os irmãos hão de convir comigo que essa prevenção não deve estar alicerçada apenas em informações e esclarecimentos que, ao longo da história das civilizações, têm sido divulgados. Pois, de certa forma, tais informações, até a atualidade, não conseguiram reduzir as estatísticas desse ato de loucura que é o suicídio.


Pela experiência que vivi, posso afirmar: nada mudará sem o “querer” de cada individualidade. As informações e os alertas sobre as consequências do suicídio jamais devem faltar nas ações de prevenção, pois todo esclarecimento a esse respeito ativa a consciência — onde estão gravadas as leis divinas.


Além disso, todas as reencarnações são minuciosamente planejadas antes de o espírito nelas ser colocado. Dentre os esclarecimentos necessários e imprescindíveis, deve-se falar exaustivamente sobre a realidade de que somos espíritos imortais. Quando encarnados, vestimos um corpo de carne perecível e transitório, para vivenciar um estágio prático de trabalho e cumprimento de metas para o crescimento do eu — o espírito imortal que somos.


Essa compreensão é fundamental para que não nos iludamos nas escolhas que certamente surgirão durante esse estágio temporário. Mas, em conjunto com essas informações, é necessário que o ser fortaleça sua vontade — e, acima de tudo, o “Querer”.


Querer melhorar e crescer em bondade e sabedoria. Para isso, é preciso ter cuidado no uso do livre-arbítrio de que se goza, e estar atento ao esquecimento do passado, consultando sempre a consciência — pois ela não erra nas informações que nos dá, mesmo que, às vezes, se resuma a um simples “sim” ou “não”.


Reafirmamos, portanto, que, em qualquer omissão de deveres da nossa parte, nos perderemos no emaranhado do cipoal do esquecimento. Seremos entregues à bússola do nosso próprio achismo. E aí, não adianta esperar que as Leis Divinas nos tratem como ignorantes ou inocentes. Pelo contrário: elas nos responsabilizarão com mais rigor por nossas más escolhas — e delas sofreremos as consequências. Isso é fato.


Quanto à orientação vinda das religiões — que um dia eu rejeitei —, digo-vos: todas, de certa forma, nos ajudam muito. No entanto, nenhuma possui o conhecimento que a Doutrina Espírita oferece. Seus ensinos foram ditados por espíritos esclarecidos, sob o comando e a supervisão do Espírito da Verdade — o Consolador prometido por Jesus.

É tão grandiosa a sua obra que eu, um simples e deformado espírito suicida, que ainda nem fiz minha redenção — antes visto como um louco, um questionador contrário a tudo, sem qualquer juízo sobre as verdades — hoje estou aqui, dando testemunho da minha vida e de minhas más escolhas, para chamar a atenção daqueles que, assim como eu, ainda vivem presos a essas ilusões.


Não desejo que ninguém seja surpreendido pelas realidades espirituais que nos aguardam após o desencarne. A vida continua aqui no mesmo ponto e da mesma maneira em que a deixamos. O suicídio mata apenas o corpo físico — e, em consequência disso, comprometemo-nos na eternidade a nos redimir desses erros.


Ainda sobre mim: embora eu vos fale com a propriedade de quem viveu e aprendeu com os próprios erros, ainda carrego as deformidades que as chamas me causaram no suicídio. Por isso, não ouso falar sobre meu passado mais distante — quem fui. Restringe-se ao hoje o meu testemunho, pois, apesar da condição em que me encontro, sou profundamente grato por tudo que a dor tem promovido de benefícios para a alma imortal que sou.


Estou consciente de que não posso prever quantas reencarnações precisarei para sanar os prejuízos que causei — tanto ao corpo matriz quanto ao espírito que sou. E, além disso, os danos causados àqueles que me amavam, inclusive aos meus benfeitores espirituais, que há séculos vêm trabalhando para me libertar de minhas fraquezas. E eu, quase sempre, esbarro na minha indisciplina e rebeldia.


É fácil concluir que a prevenção ao suicídio tem suas bases na educação e no querer — aliada aos esclarecimentos sinceros sobre as realidades que envolvem um suicídio e suas consequências na marcha evolutiva do ser. Bem diz a máxima: quando não se quer aprender pelo amor, aprende-se pela dor. Mas, sem dúvida, é melhor pelo amor.

Pensem assim e sigam em frente. Se preciso, lavem o rosto com as próprias lágrimas — lembrem-se de que elas são remédios que curam as feridas da alma. Para isso, basta compreendê-las assim.


Viva!


Recebam o meu abraço carinhoso e carente, cheio de muita gratidão.


Alisson (Espírito)

Jorge Couto (Médium)

 
 
 

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